segunda-feira, 23 de julho de 2018

SAÚDE PÚBLICA - PARTE II / PORTUGAL


         Agora estou vivendo em Portugal com o visto de residente para aposentados que consegui no final de 2016 e sobre o qual já postei bastante informações.

          Eu fiquei aqui em Lisboa de novembro de 2016 até março deste ano quando resolvi passar quatro meses no Brasil, tendo voltado pra cá dia 03 de julho próximo passado, uma terça-feira.

          Na madrugada de sexta-feira para sábado, três dias após minha chegada tive um mal-estar exatamente igual aos 20 e tantos episódios de 2016 e não tive dúvidas, era caso de Angina.

           Como das vezes anteriores, teve uma duração de uns dez minutos e passou, depois de algum tempo voltei a dormir e no sábado, 07 de julho acordei lás pelas 10 da manhã e como estava um dia muito agradável, bastante sol, temperatura amena, resolvi dar uma caminhada pela Alameda uma mega-praça que tem bem aqui ao lado de onde moro.

            Logo no começo voltei a sentir os sintomas, parei imediatamente, esperei passar e retornei para casa.  Tomei banho, fiz um lanche,me arrumei, peguei um auto-carro 708 que passa qui ao lado e segui para a Praça Martim Moniz, bem no centro de Lisboa. Lá, bem próximo tem o Hospital São José que possui serviço de atendimento emergencial.  Eu poderia ter chamado uma ambulância através do serviço telefônico 112 mas me senti em condições de ir por conta própria.

         Da praça até o hospital é realmente bem próximo, o problema é que para ir do ponto inicial do 708 até o serviço de emergência do hospital tem que subir uma ladeira bem íngreme e logo ao descer do auto-carro comecei a sentir o terceiro episódio. Isso já devia ser umas 12:30hs

         Nessa praça tem dois predios que foram transformados em shoppings populares, com produtos principalmente vindos da China, a preços muito baratos e o hospital fica exatamente atrás de um deles.

         Em frente ao shopping tem diversas vagas de estacionamento que um guardador irregular toma conta e recebe uns trocados para orientar os motoristas. Eu já conheço ele de vista e resolvi perguntar a ele se teria um caminho melhor para chegar lá em cima no hospital além da ruela íngreme.

         Vendo meu estado, gentilmente me orientou para entrar no shopping, seguir até o quarto andar usando o elevador e lá, atravessar o salão principal do restaurante pois do outro lado tinha uma porta que dava saída quase em frente a entrada do hospital. Foi minha salvação porque, definitivamente, do jeito em que me encontrava não conseguiria subir aquela ladeira.

          Lá chegando, passei por uma triagem nos primeiros trinta minutos e logo fui encaminhado para atendimento.

          Após um bate-papo com a Doutora, onde relatei minha experiência aí no Brasil, em 2016 e os três episódios registrados nas últimas doze horas ela imediatamente me encaminhou para exame de sangue geral, ecocardiograma e raio-X do tórax, ali mesmo, num grande salão onde eles dão o primeiro atendimento para diversas pessoas.

           Uns 40 minutos depois, já com os resultados dos exames a Doutora confirmou tratar-se de um caso de Angina mas que daria um intervalo de umas duas horas e voltaria a fazer todos os exames para avaliar a evolução do meu quadro.

            E foi assim que aconteceu. Após umas 2 horas voltei a fazer os exames de sangue e eco, só não fizeram novo raio-X e puderam reconfirmar a minha situação de alto risco.

             A mesma Doutora que já estava me acompanhando voltou com o chefe da equipe, com o máximo de atenção e carinho me deixaram totalmente informado da minha situação, disseram que eu teria que permanecer internado e que já tinham feito contato com o Hospital Santa Marta, que é referência em Cardiologia em Portugal e o exame de cateterismo que eu teria que fazer já estava marcado para segunda-feira, na parte da tarde.

            Deixa eu repetir, entrei no Hospital São José de Lisboa no dia 07 de julho de 2018 com sintoma de Angina em tôrno de 12:30hs e lá pelas 18:00hs fui informado que o caso estava confirmado, era Angina, que eu ficaria internado numa enfermaria de emergência, sob monitoramente, durante 24hs e depois, no domingo, se estivesse tudo sobre controle iria para uma enfermaria normal.

         Na segunda-feira, dia 09 de julho de 2018 eu seria transferido para o melhor hospital na área de Cardiologia de Portugal para passar por um cateterismo e, provavelmente faria uma Angioplastia para implantar uma "mola" conforme eles falam aqui na mesma artéria onde já tinha outra.

         Na segunda-feira, fui transferido para o Santa Marta e lá pelas 18hs passei por um cateterismo onde foi constatado que a mesma artéria, num ponto mais a frente, estava com quase 100% de comprometimento.

         Esse procedimento foi realizado numa sala de operações enorme, onde acontecem três intervenções simultâneas e a equipe que realizou a minha intervenção avaliou que o meu caso era delicado, de difícil aplicação e resolveram solicitar a ajuda do chefe da equipe que estava envolvido numa outra intervenção na mesma sala.

         Depois de aguardarem por cerca de trinta minutos, decidiram  deixar para fazer a angioplastia somente na quarta-feira pois a outra intervenção a qual o médico-chefe estava participando iria demorar bastante e o meu caso, apesar de sério, não oferecia risco imediato.

          Na quarta-feira, no final da tarde, voltei a sala de operações onde fizeram a Angioplastia com sucesso e implantaram o segundo stend em vivo e ganhei uma terceira vida.

          Não tem como fugir as comparações. Não gosto de usar casos isolados como prova de qualquer coisa. Não criei este blog para tratar deste tipo de assunto mas não posso me furtar a dar este testemunho.  Afinal, foi graças a minha vinda para cá que ganhei esta minha terceira vida.

         Esqueci de um pequeno grande detalhe.

          Ao ser atendido na emergência do Hospital São José tive que pagar uma taxa de 18 euros.

           Aqui não é como no Brasil que todo atendimento público é gratuito.  Aqui é pago...18 euros para ser atendido na emergência...

          Acho que basta, não é mesmo?
e cada que tire suas conclusões...
                       

         

SAÚDE PÚBLICA - PARTE I / BRASIL



         Não tenho por hábito usar casos isolados para fazer comparações ou avaliações, principalmente em temas tão importante quanto a saúde mas, me perdoem, não posso deixar de narrar dois acontecimentos que vivenciei aqui em Portugal  há três semanas e aí no Brasil há dois anos.

         Vamos começar pelo Brasil

          Em 2016 passei os meses de abril, maio e junho aqui em Portugal. Só podia ficar três meses, no máximo, em razão do prazo que se tem para ficar aqui como turista.

          Voltei em 30.06.2016 para o Rio de janeiro e no dia primeiro de julho, de madrugada, tive um mal-estar com dor no peito, um apêrto muito forte na região do coração, uma queimação e muito suor, isso durante uns dez minutos. Acordei a Eliete, meio preocupado, nunca tinha sentido nada parecido mas, felizmente, passou.

         No dia seguinte, voltei a sentir os mesmos sintomas e resolvi, então, ir até o UPA de Copacabana, na época ainda bem aparelhado. Lá o médico achou tratar-se de uma crise de ANGINA e aconselhou-me, repito aconselhou-me a procurar um cardiologista.

          No outro dia voltei a sentir exatamente a mesma coisa, a minha filha que é bancária, conseguiu uma consulta com um cliente dela, cardiologista, logo no dia seguinte e após uma série de exames ele confirmou a suspeita do colega do UPA, tratava-se, realmente, de um caso de Angina.

         Como não tenho plano de saúde, ele conseguiu através de um amigo dele que trabalhava na época no Hospital  do Coração de Laranjeiras a marcação de um exame de cateterismo para o final de setembro,  uns três meses depois.

          Acontece que as crises de Angina foram se sucedendo, diariamente, e o médico de Laranjeiras foi antecipando a data do cateterismo, até que no dia 27 de julho, após o 25º episódio ele conseguiu marcar a intervenção para o dia seguinte, 28 de julho de 2016 quando completei 26 episódios de Angina devidamente anotados num controle que a Eliete elaborou, com horário, atividade, tempo de duração, etc.

          Então, dia 28 de julho de 2016, após mais um episódio, finalmente fui atendido no Hospital de Laranjeiras e passei por um exame de cateterismo, onde constataram que a minha artéria principal estava com mais de 70% de entupimento, além das outras duas artérias também apresentarem entupimentos de menor gravidade.

         Imediatamente os médicos me comunicaram a gravidade do quadro e informaram que passariam do procedimento de cateterismo para uma Angioplastia com implante de um Stend, uma espécie de mola que introduzem na parte entupida da artéria e forçam o seu alargamento.

         A intervenção foi perfeita e eu tive a minha vida salva mas devo confessar que estes 28 dias consegui me manter vivo por algo inexplicável.  Todos os médicos, enfermeiros, atendentes, enfim, todas as pessoas com as quais tive contato me garantiram que eu fui agraciado com um verdadeiro milagre.

          Dentro de cinco dias esse episódio final completará dois anos e acabei de assistir um video do RJ-TV mostrando o estado dos principais hospitais estaduais do Rio de janeiro como o Souza Aguiar, Miguel Couto, Hospital do Meier, totalmente sucateados, atendendo pacientes em estado grave no chão.  No chão, por falta até de macas.

         Aqui encerro a primeira parte desse tema que gostaria de não ter trazido para um blog voltado para coisas boas, viagens, passeios, turismo.

         Mas por favor, já que você teve paciência de chegar até aqui, faça um pequeno esfôrço e leia a postagem seguinte.  Isso é muito importante!

     

       

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

SERGIO MORO NO STF

Desculpem amigos mas não resisti a idéia.

Já pensou se o juiz SERGIO MORO fosse indicado ao STF e assumisse o processo dá LAVAJATO no Supremo?

Acho que finalmente o Brasil mudaria de rumo...

domingo, 4 de dezembro de 2016

UM DOMINGO QUALQUER EM LISBOA...


Depois de alguns dias de chuva intensa hoje, a partir do meio dia o tempo resolveu dar uma trégua e resolvi das umas voltas por Lisboa, sem roteiro, sem nada, só com a vontade de aproveitar o domingo.

Vamos lá?



sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

MEMÓRIAS DE QUEM AMA A LAPA!

As pessoas que me honram com as suas presenças neste blog peço licença para abrir este espaço para um canti
nho do Rio de janeiro que tem estreita ligação com Portugal, a Lapa com o seu aqueduto.

Esta abertura é em virtude de uma crônica que li sobre a Lapa, premiada em 1º lugar no II CONCURSO LITERÁRIO LERUERJ, cujo lançamento aconteceu ontem no Departamento de Letras daquela Universidade e o seu autor me autorizou a publicar.

Abaixo tem o texto da publicação, espero que todos se interessem e gostem, história singela  de um jovem que conseguiu transpor a barreira existente  entre um longinquo suburbio do  Rio e a inebriante Lapa de ontem, de hoje e de sempre...

Deliciem-se com este passeio pelo underground do  Rio de janeiro das décadas de 80/90





 VOCÊ SABE O QUE É A LAPA, MEU FILHO???

                                                            *Deusdemóstenes de Antuérpia

            Foi por volta de 1990, se não me falha a memória, que os amigos mais velhos da vizinhança me avisaram do show do Sepultura no Circo Voador. A banda estava retornando da sua primeira turnê europeia/americana, divulgando o álbum Beneath The Remains. Um sonho a ser realizado para um jovem metalhead campo-grandense de quinze anos incompletos. Só que tamanha aventura esbarrava num obstáculo aparentemente intransponível: a permissão familiar. Súplicas à mãe esgotadas, esta resolveu assumir sua porção Pôncio Pilatus e lavou as mãos:
            Liga para o seu pai. Ele é quem resolve.
            Meu pai, falando do escritório, com voz inflexível e algo colérica, lança a questão tonitruante:
            VOCÊ SABE O QUE É A LAPA, MEU FILHO???
            Respondi, recalcitrante e intimidado por dentro, mas tentando aparentar a voz firme e decidida para um adolescente que mal havia transposto os limites do próprio bairro de origem, não a pergunta de meu pai, mas uma justificativa desesperada, talvez a última cartada de que dispunha, a última bala na agulha:
            Mas eu vou com a galera daqui da rua, pai, são todos maiores e tão acostumados.
            ENTÃO VOCÊ ESTÁ POR SUA PRÓPRIA CONTA!!! Sentenciou meu pai, resignando-se a contragosto.
            E lá fomos nós, encarando uma composição oriunda de Santa Cruz com destino à gare Dom Pedro II, para dali empreender uma caminhada de aproximadamente vinte minutos rumo aos Arcos da Lapa (estratégia de economia de alguns trocados para a bebida). Tudo era novidade, desde as figuras excêntricas vestindo roupas pretas, com os rostos pintados e cruzes invertidas penduradas no pescoço, na calçada do boteco Arco-íris, até elementos da plateia se dependurando do mezanino ao palco nas estruturas de vigas e vergalhões que sustentavam a lona do lendário espaço cultural, e se lançando ao público em desenfreado stage diving, por vezes levando-me a confundir quem era da banda com quem era da plateia. Nada mal para uma primeira vez, meu début lapeano, do qual retornei para casa já pela manhã, sujo, suado e bêbado.
            Dali por diante, minha vivência no underground carioca se intensificou, dividindo-me entre o point Sorvetão, um “pé-imundo” (porque chamar aquilo de pé-sujo seria demasiado indulgente) situado no que hoje é conhecido como o Baixo-Méier, Caverna II aos domingos na Lauro Müller, ao lado do shopping Rio Sul em Botafogo, a então novidade Garage Art Cult na Rua Ceará, Praça da Bandeira, e o já consagrado Circo Voador, com algumas incursões extrarrotineiras aqui e ali, como o Largo da Igreja de Santa Cecília em Bangu ou o hoje finado Barroquinho em Icaraí, Niterói, que cedeu espaço a um “bar de playboy” na atualidade. Vez por outra éramos agraciados com grandes shows de ícones da música pesada no Maracanãzinho, a exemplo de Venom, Exciter, Motörhead, Metallica e Iron Maiden, e o Black Sabbath no Canecão, ou grandes festivais como o Rock in Rio 2 no Maracanã e Hollywood Rock na Praça da Apoteose, cujas bandas do cast tiveram a magnanimidade de abençoar seus fãs tupiniquins com memoráveis turnês naqueles difíceis tempos para quem curtia Heavy Metal no Brasil.
            Comprar discos também era uma via-crúcis, especialmente para um morador da Zona Oeste, em tempos nos quais o transporte coletivo era ainda mais precário do que hoje em dia, se é que tal feito seja possível. Era uma verdadeira Odisseia atravessar a cidade, transitando por lojas como Point Rock em Copacabana, Hard’n’Heavy no Flamengo, Subsom e Headbanger na Tijuca, Sempre Música no Catete, e os sebos de discos na Uruguaiana que, infelizmente, hoje não existem mais , em busca das últimas novidades lançadas em vinil, que conhecíamos por meio do programa Guitarras, da extinta rádio Fluminense FM, “A Maldita”. Bons e sofridos tempos...
            A minha relação com a Lapa, porém, nunca se desfez. E não era essa Lapa dos gringos e das boates e bares “arrumadinhos” que hoje aparece no caderno de entretenimento do RJTV. Era a Lapa bandida, marginal, soturna, a Lapa dos assaltantes, travestis, prostitutas e traficantes que já não trazia o glamour das primeiras décadas do século XX de personagens lendários como Madame Satã , a Lapa dos cabarés, dos malandros, boêmios, capoeiras e compositores. Era a Lapa na qual me deparei, ao procurar por um botequim com cerveja mais barata na Mem de Sá a fim de me aquecer para um show da Dorsal Atlântica e Ratos de Porão no Circo, com uma cena inusitada: em frente a uma birosca de ambiente nada familiar, uma joaninha da PM, e, na porta, um soldado apontando uma macaquinha para o teto do dito estabelecimento, de cujo forro antigo de lambri pendia uma perna. Sim, uma PERNA humana! Ao perguntar ao atendente do balcão o que se passava, este me informou que um assaltante que acabara de praticar roubo nas imediações, sendo perseguido pela polícia, correu para dentro do bar, ao que o atendente mostrou seu tresoitão na cintura e lhe disse que “não pulasse ali senão levaria bala”, obrigando o azarado meliante em fuga a se esconder dentro do depósito no sótão do estabelecimento, onde, atrapalhado, acabou por fazer um buraco no forro com o peso do próprio corpo, tornando-se presa fácil para seus perseguidores. Nada mais típico daquela Lapa.
            Os anos se passaram, a Lapa bandida foi revitalizada e transmutou-se em Lapa turística e de lazer, cultura e entretenimento, e eu continuei minhas andanças por aquele bairro tão presente em minha vida. Mesmo me mudando para Copacabana, já nos anos 2000, aquele lugar continuou a ser o meu quintal, agora já bem mais próximo do que antes. E, como se não bastasse a recente proximidade geográfica, ainda arrumei uma bela namorada capixaba que viveu boa parte da vida em Niterói e, ao me conhecer, mudou-se para o Bairro de Fátima. Não satisfeita, mudou-se para ainda mais perto dos Arcos, na Mem de Sá, onde passo os momentos mais loucos e divertidos dos finais de semana. Companhia melhor, impossível.
            Hoje, se perguntado novamente por meu pai, seguramente eu poderia responder com firmeza e decisão à pergunta não respondida de vinte e quatro anos atrás:
Sim, pai. HOJE eu sei o que é a Lapa!


* Deusdemóstenes de Antuérpia é  carioca, rubro-negro, nascido em Campo Grande e morador de Copacabana. Apreciador de Heavy Metal e cerveja gelada, boêmio, músico, professor e historiador, mas também ama literatura brasileira, russa, inglesa e de língua espanhola. Arrisca-se a escrever de vez em quando, desde que o pano de fundo seja sua amada cidade (embora não se considere lá muito talentoso).

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

COMBOIOS DE PORTUGAL



Nasci em Santa Cruz, Rio de janeiro, último bairro no extremo sul da cidade.

Para quem não conhece a geografia da cidade do Rio de janeiro, olhando no mapa parece um longo corredor que se estreita entre a serra e o mar tendo nos seus dois extremos o bairro de Santa Cruz por um lado e o de Copacabana, do outro.

Logicamente, quase que a totalidade das pessoas que estiverem lendo esta postagem  só terão ouvido falar, até este momento, em Copacabana.  Santa Cruz, somente eu e outros eventuais santacruzenses que, por acaso, estejam me prestigiando neste exato momento.

Acontece que Santa Cruz, na época do Imperio,  foi importante, muito importante, tendo sediado uma grande fazenda administrada pelos Jesuítas, que gerava enorme riqueza para o país e foi, também, refúgio da família imperial que adorava passar temporadas de verão em seu palacio que hoje abriga um quartel do exército e que se localiza a menos de cem metros da casa em que nasci.

Aliás, do portão desta casa, no meu período de infância pude apreciar muitas vezes a  Maria-Fumaça, locomotiva movida a vapor, sendo abastecida de água através de uma enorme mangueira ligada a uma caixa d'agua existente no pátio da estação e de carvão que ficava em enormes montes estocados ao lado da caixa d'agua.

Após a operação de abastecimento lá ia ela, toda fogosa, se anunciando para quem quisesse ouvi-la e vê-la através de uma cortina de fumaça branca e seu inesquecivel piuiiii...piuiii...Belos tempos!Linda imagem que teima em não se apagar da minha memória passados quase 70 anos...

Bom, por esse preâmbulo dá prá se perceber que estamos lidando com um apaixonado pelo tema ferroviário.  Realmente, sou perdidamente apaixonado por trens e, certamente, a origem desta paixão remonta a esta formação  maternal de sentimentos. Sou nascido e criado quase no pátio da estação de trens de Santa Cruz, Rio de janeiro e exatamente por isso lamento tanto o descaso que esse importante meio de transporte enfrenta e por ter sido foi tão abandonado no Brasil.

Ao longo da minha vida tenho experimentado oportunidades de utilização de trens inacreditáveis.

Lògicamente que viajar num trem suburbano nos anos 50 de Santa Cruz até a Gare da Central do Brasil foi algo extraordinário para um menino de 5 ou 6 anos.  Mas a primeira viagem num "macaquinho", um trem de madeira puxado pela Maria-Fumaça que ia de Santa Cruz até o Município de Mangaratiba, no estado do Rio, também não fica atrás nas lembranças maravilhosas que tenho.

Mas tem muito mais.  A primeira viagem a São Paulo num trem comum e depois muitas outras usando o maravilhoso trem de prata, numa  cabine com cama e banheiro e com vagões BAR e RESTAURANTE...que luxo!!!

Viagem de Santana do Livramento/Rivera, cidades gêmeas localizadas na fronteira do Brasil com o Uruguai na década de 60, até Montevideu, capital do Uruguai.

Viagem no outro trem de prata do Rio de janeiro a Belo Horizonte

Viagem de Belo Horizonte a Vitória no trem da Vale do Rio doce.

E, acreditem viagem totalmente de trem saindo do bairro de Campo Grande, no Rio de janeiro até, pasmem, Brasilia.  Sim, isso foi possivel.

Peguei o trem suburbano 41, de Campo Grande a Central do Brasil.  Da Central viajei no maravilhoso trem de  Prata até a Estação da Luz em São Paulo.  De São Paulo usei um trem até Campinas  e de lá segui numa viagem de 24 horas em outro trem até a Capital Federal, Brasilia.  Que viagem!

Tem o trenzinho do Corcovado, trem de Curitiba a Paranaguá, trem de Barbacena, trem de Gramado,  na serra gaúcha, de Campos de Jordão, na serra paulista e muitos outros.

Mas fora os circuitos turísticos, todos os outros, aqui no Brasil, desapareceram. E na europa? E nos Estados Unidos?

Na europa é outra história, felizmente.  Já fiz muitas viagens de trem mas a primeira experiência que vou citar não aconteceu numa viagem mas somente na visão.

Em 1988, quase por acaso, eu e a Eliete fomos parar em londres, sem falarmos uma  vírgula em inglês, que sufoco.  E numa daquelas andanças acidentais, ocasionais, de qualquer turista fomos parar, sem querer,  na estação Queen Elizabeth de onde partia o maravilhoso  ORIENT EXPRESS.  Que espetáculo.

Iamos caminhando por uma rua próxima ao B&B que estávamos hospedados, vimos várias pessoas desembarcando próximo a uma grande estação ferroviária vestidos a carater, homens de fraque e cartola, mulheres de longos maravilhosos e resolvemos segui-los.  Entramos na estação, fomos caminhando na mesma direção que estas pessoas estavam seguindo  e, de repente, apareceu uma das imagens mais impactantes de toda a minha vida.  o maravilhoso trem  ORIENT EXPRESS, ele mesmo, por inteiro, ali, diante de mim, de verdade.

Percorremos toda a sua extensão, pela plataforma logicamente, mas deglutindo cada metro quadrado. Bisbilhotando todos os mínimos detalhes.  O revestimento das poltronas do carro-restaurante. As maravilhosas cortinas de cada janela, A identificação em letras douradas dos vagões,  enfim, todos os detalhes,  cada centímetro.

 Para quem nasceu  a poucos passos do pátio da estação de Santa Cruz,  a beira de uma locomotiva Maria-Fumaça, foi uma experiência impactante.

Resumindo, viagens entre Lisboa e Porto. Do Porto a Madri. De Madri a Barcelona, seguindo para Roma. De Roma a Paris e daí para Bruxelas, seguindo para Amsterdã.  De Paris a Luxemburgo.  Da Alemanha a Republica Tcheca, até a Austria, retornando a Alemanha e mais alguns trechos que não recordo agora.

Dos Estados Unidos, além de viagens de  média duração como no trecho de Nova York a Capital Federal, Washington teve uma espetacular partindo de Orlando, na Florida, serpenteando toda a costa leste dos Estados Unidos, passando por 8 ou 9 estados americanos e desembarcando na minha cidade de Newark, Nova Jersey, onde  eu e a Eliete vivemos por cerca de cinco maravilhosos  anos, entre idas e vindas

 Acho que dá pra vislumbrar um amante dos trens nesse breve depoimento.

Mas vamos ao que interessa. O título da postagem é COMBOIOS DE PORTUGAL

E o que pretendo com isto é render uma homenagem a CP- COMBOIOS DE PORTUGAL, empresa que administra e explora o transporte ferroviário em Portugal, de elevada qualidade e que tem um site informativo muito útil e bem formatado que recebo regularmente com as últimas notícias sobre tudo que se refere a transporte ferroviário em Portugal e com constantes promoções.

Abaixo segue o link  para vocês poderem apreciar os serviços desta empresa de qualidade e, eventualmente, fazer uma reserva na próxima viagem a Portugal.

Por hoje é só e até a próxima postagem.


https://www.cp.pt/passageiros/pt