segunda-feira, 23 de julho de 2018

SAÚDE PÚBLICA - PARTE II / PORTUGAL


         Agora estou vivendo em Portugal com o visto de residente para aposentados que consegui no final de 2016 e sobre o qual já postei bastante informações.

          Eu fiquei aqui em Lisboa de novembro de 2016 até março deste ano quando resolvi passar quatro meses no Brasil, tendo voltado pra cá dia 03 de julho próximo passado, uma terça-feira.

          Na madrugada de sexta-feira para sábado, três dias após minha chegada tive um mal-estar exatamente igual aos 20 e tantos episódios de 2016 e não tive dúvidas, era caso de Angina.

           Como das vezes anteriores, teve uma duração de uns dez minutos e passou, depois de algum tempo voltei a dormir e no sábado, 07 de julho acordei lás pelas 10 da manhã e como estava um dia muito agradável, bastante sol, temperatura amena, resolvi dar uma caminhada pela Alameda uma mega-praça que tem bem aqui ao lado de onde moro.

            Logo no começo voltei a sentir os sintomas, parei imediatamente, esperei passar e retornei para casa.  Tomei banho, fiz um lanche,me arrumei, peguei um auto-carro 708 que passa qui ao lado e segui para a Praça Martim Moniz, bem no centro de Lisboa. Lá, bem próximo tem o Hospital São José que possui serviço de atendimento emergencial.  Eu poderia ter chamado uma ambulância através do serviço telefônico 112 mas me senti em condições de ir por conta própria.

         Da praça até o hospital é realmente bem próximo, o problema é que para ir do ponto inicial do 708 até o serviço de emergência do hospital tem que subir uma ladeira bem íngreme e logo ao descer do auto-carro comecei a sentir o terceiro episódio. Isso já devia ser umas 12:30hs

         Nessa praça tem dois predios que foram transformados em shoppings populares, com produtos principalmente vindos da China, a preços muito baratos e o hospital fica exatamente atrás de um deles.

         Em frente ao shopping tem diversas vagas de estacionamento que um guardador irregular toma conta e recebe uns trocados para orientar os motoristas. Eu já conheço ele de vista e resolvi perguntar a ele se teria um caminho melhor para chegar lá em cima no hospital além da ruela íngreme.

         Vendo meu estado, gentilmente me orientou para entrar no shopping, seguir até o quarto andar usando o elevador e lá, atravessar o salão principal do restaurante pois do outro lado tinha uma porta que dava saída quase em frente a entrada do hospital. Foi minha salvação porque, definitivamente, do jeito em que me encontrava não conseguiria subir aquela ladeira.

          Lá chegando, passei por uma triagem nos primeiros trinta minutos e logo fui encaminhado para atendimento.

          Após um bate-papo com a Doutora, onde relatei minha experiência aí no Brasil, em 2016 e os três episódios registrados nas últimas doze horas ela imediatamente me encaminhou para exame de sangue geral, ecocardiograma e raio-X do tórax, ali mesmo, num grande salão onde eles dão o primeiro atendimento para diversas pessoas.

           Uns 40 minutos depois, já com os resultados dos exames a Doutora confirmou tratar-se de um caso de Angina mas que daria um intervalo de umas duas horas e voltaria a fazer todos os exames para avaliar a evolução do meu quadro.

            E foi assim que aconteceu. Após umas 2 horas voltei a fazer os exames de sangue e eco, só não fizeram novo raio-X e puderam reconfirmar a minha situação de alto risco.

             A mesma Doutora que já estava me acompanhando voltou com o chefe da equipe, com o máximo de atenção e carinho me deixaram totalmente informado da minha situação, disseram que eu teria que permanecer internado e que já tinham feito contato com o Hospital Santa Marta, que é referência em Cardiologia em Portugal e o exame de cateterismo que eu teria que fazer já estava marcado para segunda-feira, na parte da tarde.

            Deixa eu repetir, entrei no Hospital São José de Lisboa no dia 07 de julho de 2018 com sintoma de Angina em tôrno de 12:30hs e lá pelas 18:00hs fui informado que o caso estava confirmado, era Angina, que eu ficaria internado numa enfermaria de emergência, sob monitoramente, durante 24hs e depois, no domingo, se estivesse tudo sobre controle iria para uma enfermaria normal.

         Na segunda-feira, dia 09 de julho de 2018 eu seria transferido para o melhor hospital na área de Cardiologia de Portugal para passar por um cateterismo e, provavelmente faria uma Angioplastia para implantar uma "mola" conforme eles falam aqui na mesma artéria onde já tinha outra.

         Na segunda-feira, fui transferido para o Santa Marta e lá pelas 18hs passei por um cateterismo onde foi constatado que a mesma artéria, num ponto mais a frente, estava com quase 100% de comprometimento.

         Esse procedimento foi realizado numa sala de operações enorme, onde acontecem três intervenções simultâneas e a equipe que realizou a minha intervenção avaliou que o meu caso era delicado, de difícil aplicação e resolveram solicitar a ajuda do chefe da equipe que estava envolvido numa outra intervenção na mesma sala.

         Depois de aguardarem por cerca de trinta minutos, decidiram  deixar para fazer a angioplastia somente na quarta-feira pois a outra intervenção a qual o médico-chefe estava participando iria demorar bastante e o meu caso, apesar de sério, não oferecia risco imediato.

          Na quarta-feira, no final da tarde, voltei a sala de operações onde fizeram a Angioplastia com sucesso e implantaram o segundo stend em vivo e ganhei uma terceira vida.

          Não tem como fugir as comparações. Não gosto de usar casos isolados como prova de qualquer coisa. Não criei este blog para tratar deste tipo de assunto mas não posso me furtar a dar este testemunho.  Afinal, foi graças a minha vinda para cá que ganhei esta minha terceira vida.

         Esqueci de um pequeno grande detalhe.

          Ao ser atendido na emergência do Hospital São José tive que pagar uma taxa de 18 euros.

           Aqui não é como no Brasil que todo atendimento público é gratuito.  Aqui é pago...18 euros para ser atendido na emergência...

          Acho que basta, não é mesmo?
e cada que tire suas conclusões...
                       

         

SAÚDE PÚBLICA - PARTE I / BRASIL



         Não tenho por hábito usar casos isolados para fazer comparações ou avaliações, principalmente em temas tão importante quanto a saúde mas, me perdoem, não posso deixar de narrar dois acontecimentos que vivenciei aqui em Portugal  há três semanas e aí no Brasil há dois anos.

         Vamos começar pelo Brasil

          Em 2016 passei os meses de abril, maio e junho aqui em Portugal. Só podia ficar três meses, no máximo, em razão do prazo que se tem para ficar aqui como turista.

          Voltei em 30.06.2016 para o Rio de janeiro e no dia primeiro de julho, de madrugada, tive um mal-estar com dor no peito, um apêrto muito forte na região do coração, uma queimação e muito suor, isso durante uns dez minutos. Acordei a Eliete, meio preocupado, nunca tinha sentido nada parecido mas, felizmente, passou.

         No dia seguinte, voltei a sentir os mesmos sintomas e resolvi, então, ir até o UPA de Copacabana, na época ainda bem aparelhado. Lá o médico achou tratar-se de uma crise de ANGINA e aconselhou-me, repito aconselhou-me a procurar um cardiologista.

          No outro dia voltei a sentir exatamente a mesma coisa, a minha filha que é bancária, conseguiu uma consulta com um cliente dela, cardiologista, logo no dia seguinte e após uma série de exames ele confirmou a suspeita do colega do UPA, tratava-se, realmente, de um caso de Angina.

         Como não tenho plano de saúde, ele conseguiu através de um amigo dele que trabalhava na época no Hospital  do Coração de Laranjeiras a marcação de um exame de cateterismo para o final de setembro,  uns três meses depois.

          Acontece que as crises de Angina foram se sucedendo, diariamente, e o médico de Laranjeiras foi antecipando a data do cateterismo, até que no dia 27 de julho, após o 25º episódio ele conseguiu marcar a intervenção para o dia seguinte, 28 de julho de 2016 quando completei 26 episódios de Angina devidamente anotados num controle que a Eliete elaborou, com horário, atividade, tempo de duração, etc.

          Então, dia 28 de julho de 2016, após mais um episódio, finalmente fui atendido no Hospital de Laranjeiras e passei por um exame de cateterismo, onde constataram que a minha artéria principal estava com mais de 70% de entupimento, além das outras duas artérias também apresentarem entupimentos de menor gravidade.

         Imediatamente os médicos me comunicaram a gravidade do quadro e informaram que passariam do procedimento de cateterismo para uma Angioplastia com implante de um Stend, uma espécie de mola que introduzem na parte entupida da artéria e forçam o seu alargamento.

         A intervenção foi perfeita e eu tive a minha vida salva mas devo confessar que estes 28 dias consegui me manter vivo por algo inexplicável.  Todos os médicos, enfermeiros, atendentes, enfim, todas as pessoas com as quais tive contato me garantiram que eu fui agraciado com um verdadeiro milagre.

          Dentro de cinco dias esse episódio final completará dois anos e acabei de assistir um video do RJ-TV mostrando o estado dos principais hospitais estaduais do Rio de janeiro como o Souza Aguiar, Miguel Couto, Hospital do Meier, totalmente sucateados, atendendo pacientes em estado grave no chão.  No chão, por falta até de macas.

         Aqui encerro a primeira parte desse tema que gostaria de não ter trazido para um blog voltado para coisas boas, viagens, passeios, turismo.

         Mas por favor, já que você teve paciência de chegar até aqui, faça um pequeno esfôrço e leia a postagem seguinte.  Isso é muito importante!